8 de dez. de 2011

Destaque na revista Faça Fácil




Conheça os segredos de uma engenheira de produção que abandonou a profissão para construir uma carreira sólida e muito feliz no artesanato
Por Cynthia Marafanti l Fotos Mônica Antunes


Poucas pessoas têm a coragem de mudar de profissão aos 40 e poucos anos e partir em busca de sua felicidade. Luciana Pumputis é uma dessas exceções que, com determinação e talento, encarou o desafio de recomeçar não só uma nova carreira, mas também sua vida pessoal. A aposta garantiu parte de sua independência financeira e sucesso como uma das artesãs mais admiradas quando o assunto é patchwork.

Com a maestria de quem viveu fracassos e sucessos, sacudiu a poeira e soube fazer finais felizes, ela nos recebeu em seu ateliê, em São Paulo, para um bate-papo para lá de agradável. O espaço aconchegante, todo decorado com patch, revela o talento de Luciana por criar artigos de moda e decoração usando retalhos de tecido. “Aqui é um cantinho especial, onde faço oficinas de artesanato, além de criar as minhas próprias coleções”, revela.

Diante de trabalhos tão perfeitos e uma rotina atribulada com compromissos que envolvem encomendas particulares, aulas em dois ateliês e reuniões com patrocinadores, além de exposições em feiras do setor, até parece que Luciana sempre esteve nesse ramo, não é mesmo?
Mas a trajetória da artesã começou de um jeito peculiar. Desde criança ela pintava, bordava e fazia tricô, que aprendeu com a avó. Aos 15 anos, ganhou uma máquina de costura (que ela guarda com muito carinho até hoje), fez curso de corte e costura e costumava fazer roupinhas de boneca. Aos 20 e poucos anos, ainda moça, casada e graduada em engenharia de produção, dedicou sete anos à sua área de formação. Mas, como diz o ditado, a vida é a arte dos encontros.

Pois bem, Luciana “topou com uma amiga, que também não estava muito satisfeita com o rumo de sua vida profissional” e encorajou-se a ir atrás de uma atividade que realmente a fizesse feliz. Assim, juntas, abriram um bufê. A sociedade durou três anos porque, como ela mesma diz, “aquele negócio não era pra mim”. Persistente, Luciana partiu para uma nova experiência: foi trabalhar no comércio de roupas da mãe. “Fiquei sete anos na administração da loja, mas adorava mesmo era montar as vitrines, tanto que eu fiz um curso de vitrinista”.

Reviravolta

Nesse contexto, já com dois filhos pequenos e um casamento instável, o destino aplicou outro revés na vida dessa mulher tenaz. “Os meus pais precisaram se mudar para outra cidade, fecharam a loja e as coisas em casa ficaram cada vez mais complicadas. Para ocupar o tempo e encontrar o equilíbrio que precisava para manter a família em ordem, eu voltei a fazer artesanato. Criava caixinhas lindas com pintura country. Minhas amigas amavam!”.

O casamento não resistiu à crise e ela não quis depender da pensão de seu ex-marido. Arregaçou as mangas, driblou as dificuldades e, mais uma vez, partiu para um novo e promissor recomeço. “Aos 40 anos, divorciada e com dois filhos, me vi com pouquíssimas possibilidades profissionais. Então, pensei: o que eu gosto de fazer?” A resposta óbvia foi as artes manuais, que sempre estiveram presentes em sua vida como uma atividade coadjuvante, mas que agora seria a protagonista de uma história de superação.

O caminho foi longo, porém Luciana conseguiu superar os obstáculos, fez parcerias com diversas lojas de arte, ministrando cursos e oficinas, até que em janeiro deste ano, junto com a sua ex-aluna Alessandra Lima, montou o seu próprio ateliê. O espaço é puro capricho e traduz com delicadeza o amor que a artesã coloca em cada detalhe do espaço. Para se ter ideia, até mesmo os espelhos de tomada são revestidos com tecido. Na parede, um relógio personalizado chama  a atenção, isso sem falar das bolsas, carteiras e bonecas de pano que decoram cada cantinho. Seis máquinas de costura, incluindo uma Singer canadense que ela herdou da avó, dão o toque final.

Arte para sentir

A inspiração para criar os belos trabalhos Luciana garante que vem do olhar. “Folheando uma revista, caminhando pela rua, tudo o que eu vejo e gosto penso em como reproduzir do meu jeito, com algum detalhe específico. Às vezes, um projeto fica meses sendo amadurecido em minha mente, até que encontro um ponto de partida e dou forma ao que não passava de uma simples ideia”, conta ela, que já é considerada referência no mercado, como uma das profissionais mais preparadas do Brasil. 

O reconhecimento é notório, mas será que hoje, aos 49 anos e um extenso currículo comprovado nas páginas de revistas do segmento, ela já conquistou os seus objetivos? A resposta vem de pronto: “Eu me sinto muito feliz e realizada com o que eu tenho, mas é claro que ainda tenho planos para o futuro. A minha meta é aumentar o ateliê e expandir o calendário de aulas, conquistando 100% da minha independência financeira”.

Agora, você deve estar se peguntando: de onde vem tanta habilidade? É verdade que Luciana sempre levou jeito com artesanato. Pintava, bordava e criava trabalhos incríveis, o que comprova o seu talento para as artes. No entanto, a artesã é uma profissional consciente de que é preciso trocar ideias e renovar conhecimento.

Assim, frequentou diversos cursos, como confecção de bonecas, patchwork e até mesmo empreendedorismo no Sebrae, a fim de promover a criatividade. “Estudar é ótimo, você aprende a trabalhar com outros materiais e fica sempre antenada. Eu adoro!”

Artesanato como profissão

Muita gente busca no artesanato uma saída para dizer adeus ao chefe e conquistar seu próprio negócio. A ideia é boa, mas na prática é necessário levar em consideração alguns aspectos não tão simples assim. Experiente, Luciana alerta: “Muitas alunas fazem cursos e pensam em ‘se jogar’ com tudo nesse mercado. Mas vale lembrar que é um trabalho, tem de ter responsabilidade e encarar a profissão com seriedade, cumprir prazos e reinventar suas coleções para garantir a perenidade dos seus negócios”.
Agora, se a dúvida é sobre qual técnica investir, fique atento. De acordo com Luciana, o futuro do artesanato está na art décor. Prova disso são as peças bem feitas, com acabamento impecável, expostas em mostras como a Casa Mega Faça Fácil, que aconteceu na última Mega Artesanal, em São Paulo (SP).

5 comentários:

  1. Nossa que bacana!
    Bjks
    Marília

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  2. Nossa, que legal conhecer um pouco mais da Luciana. Uma pessoa de sucesso, mas que batalhou muito pra chegar onde está.
    Também estou num momento de reviravolta da minha vida. Abandonei a odontologia depois de 20 anos e estou tentando me dedicar só ao artesanato, mas não é fácil. Faço, mas não sei vender. Não ofereço. Acho que não vão gostar dos meus trabalhos. Posso te fazer uma pergunta difícil?
    O que que eu faço?
    Um beijo carinhoso

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  3. Parabéns por esta matéria e por sua persistência.
    Que os seus planos para o futuro possam se realizar o mais breve possível.
    Sucesso para vocês!
    Abraços

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  4. Oi Lú
    Sua determinação só faz com a gente seja corajosa, mas cautelosa como você sugeriu.Parabéns pela sua força de vontade.
    Ah!Fiz a tiara trançada de fitas e já postei no blog.Dá uma espiadinha.
    Um bjo

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  5. Que linda história, muito obrigada por partilhar este exemplo com tanta gente..... muitas pessoas estão buscando se encontrar e algumas não sabem como fazer a tal pergunta """" o que eu gosto de fazer?????"""" e depois da resposta simples assim ..... ter coragem de deixar tudo de lado e começar a criar um futuro belo e acima de tudo muito feliz.
    Beijos e que Deus te acompanhe sempre

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